quarta-feira, 3 de março de 2010

Eu

Estou aqui mas queria estar lá.
Num apartamento entre Bonfim e Cidade Baixa, com janela que me permitisse olhar para o movimento de uma rua bacana, entre o 3º e o 5º andar. Mais que isso é exagero para quem tem medo de altura. Gostaria também de uma vaga de garagem pra guardar meu carro, que seria pequeno pra eu conseguir estacionar e barato, pra usar só quando precisasse mesmo. Não teria muitos móveis, só muitos livros, alguns discos e uma certa quantidade de papel que me deixasse segura de que não faltaria lugar para as palavras que pudessem surgir. Se eu estivesse realmente lá, talvez também estivesse na frente de um computador agora, talvez querendo voltar a estar aqui, em casa, com pai, mãe, gatos...

Pode ser exatamente esta dúvida que me faz ficar aqui. E usar como pretexto coisas lógicas, do tipo: não tenho dinheiro, trabalho em Canoas, estudo em São Léo. E coisas que se assumem como desculpa esfarrapada, como: a Mimi não se adaptaria num apartamento, eu tenho pânico de baratas, não tenho tempo pra me virar sozinha.

Acredito que enquanto houver dúvidas e motivos pra impedir, é porque não deve acontecer. Quando quero realmente alguma coisa não costumo pensar muito. Mas numa noite dessas, em que a TV me oferece lixo e na internet só falam do lixo que a TV mostrou, tudo que eu queria era pelo menos olhar pra rua e ver alguma perspectiva de que o mundo é mais do que toda essa mesmice!

Talvez eu pare também de ouvir sempre as mesmas músicas e contar as mesmas histórias...



Mimi, minha filha. Ela está tão acostumada com a casa...

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