quinta-feira, 10 de março de 2011

Uma vitória preocupante


Estou aqui de camiseta do Grêmio, unhas azuis e todos os artefatos comemorativos de sempre que a data exige. Porém, passada a euforia, começo a ver com olhos mais críticos a conquista da Taça Piratini.
No jogo de ontem, quando observei os primeiros minutos de jogo do Caxias e as três primeiras chances desperdiçadas imaginei que a vitória seria gremista. Os motivos são óbvios: eles cansariam rápido; o jogo era no Olímpico, portanto com grande pressão sobre o time; e, porque quem não faz, leva, nem que seja por azar. Pois o Caxias fez. Fez duas vezes. Mas fez duas vezes no Olímpico, o que aumentava as chances de uma mais uma virada tricolor rumo a um título.
Não vou detalhar momentos do jogo aqui, apenas fazer um comentário geral. E a análise é simples: o Grêmio jogou mal. Longe de mim querer ser alguma espécie de adivinhadora, mas poderia apostar que tinha um balão de pensamento acima do Renato Gaúcho com os dizeres: “Vocês não ganham folga de novo nem pra ir no aniversário da mãe, seus #@$%*!!!” Isso no primeiro tempo, obviamente, com o Caxias pressionando e apenas um gol para descontar para o Grêmio. 





Ainda no primeiro tempo já era possível notar o que ia acontecer com o Caxias: diminuir o ritmo. Nada mais normal, eles conseguiram fazer isto sem desestruturar o time, continuaram fazendo seus passes e tentando aproveitar as falhas gremistas, que não foram poucas. Não eram tão claras, pois agora o Tricolor estava no ataque, mas ainda existiam. Lá estava o André Lima com sua incrível capacidade de perder gols, sem contar que ainda aprontou uma cena desconcertante de paranóia com o bandeirinha. Não me importo se o dito auxiliar o persegue ou perseguiu ou que comentário tenha feito, o trabalho dele ali estava correto, marcou o que tinha de marcar. Quem não fez o que deveria foi o André Lima. Seria muito tempo falando dos jogadores do Grêmio que deixaram toda sua energia em alguma festa de carnaval no feriado, como o excelente Gabriel, que mostrou um futebol cansado, quando mostrou. Até o Victor falhou. Todos têm o direito de errar, de não estar no melhor do seu desempenho algum dia, o problema é quando isso acontece com quase o time todo. Os poucos esforçados não eram suficientes para fazer o time “funcionar”.
Sem desmerecer o Caxias, que foi um adversário e tanto. Mostraram acima de tudo garra e vontade durante todo o jogo. Mereciam muito a vitória. Quanto à incansável Torcida Tricolor, eu que sou gremista posso dizer que não vi nada demais na confiança que estavam. Todos os presentes no Olímpico sabiam, como qualquer gremista, que tudo era favorável à vitória: começar perdendo, adversário ganhando tempo, gols perdidos e, finalmente, o que deu a todos nós a certeza do empate, uma expulsão. Foi o Rodolfo, mas poderia ter sido qualquer um, o importante era expulsar alguém. Esta era a peça que faltava para encaixar no quebra cabeça do desespero gremista, afinal ganhar sem passar mal não tem graça. Ah, sim, outro sinal claro: goleiro na área. O Victor ali, lembrando o Imortal Danrlei, foi algo realmente marcante, o sinal do empate iminente.
E assim encaminhou-se mais uma vitória óbvia do Tricolor da Azenha. Bom? Claro, também vibrei, mas é preciso reconhecer que já passa da hora de o Grêmio confiar menos na própria sorte. Deixar para a última hora não dá certo sempre e geralmente dá errado quando mais se precisa. O futebol, aliás, a falta de futebol apresentada pelo Grêmio nos primeiros minutos de jogo é simplesmente inadmissível para um time que está disputando a Libertadores. Não importa o quanto o Caxias tenha se preparado, o desempenho Tricolor não poderia de forma alguma estar tão abaixo deles. Na cobrança de pênaltis foi bem fácil notar o abismo que existe entre os dois times: Victor, o goleiro da seleção, foi muito bem no seu papel, pois estava muito mais preparado para a pressão psicológica do momento; o esforçado e bom André Sangalli estava visivelmente abalado com a situação. O Grêmio deve ser melhor que o Caxias, tem esta obrigação. E se o adversário for tão bom quanto foi nesta quarta, deve ao menos ser um time experiente e preparado para revidar e se manter em ordem, mesmo que precise defender mais que atacar. Temos um excelente técnico, um ótimo goleiro, bons jogadores e a primeira taça do ano que era possível conquistar. Mas sinceramente, tenho medo de ver este time aparecer de novo em algum jogo da Libertadores. Pode ser que o próximo adversário não se sinta intimidado pelo Olímpico. Pode ser que a sorte não ajude.
Vencer nos acréscimos por raça é lindo, emocionante. Vencer por sorte é quase vergonhoso.

Parabéns aos gremistas pelo titulo. E aos caxienses pelo merecimento.


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