Mas hoje me permito saudadear novamente. E até conjugar o sentimento. Transformo minha saudade em verbo, para que seja ação e não mais (nunca mais) um simples complemento abstrato. Ela não é mais substantivo, é substância. Não é o passado, é a experiência, é a certeza de que existiu felicidade.
Minha saudade não é triste, não teria sentido se fosse. Ela é alegre e vaidosa; tem som, cheiro e cor. Ela é presente sem medo do futuro. Ela é o meu estímulo: acordo todos os dias com vontade de aumentar e alimentar a minha saudade. Não me entenderiam os que só sabem sentir falta, que é triste, angustiante e não acrescenta nada. Falta pode-se sentir de coisas, não de momentos ou pessoas.
Não acredito que exista alguém que sinta saudades do que foi ruim, não depois de reconhecer que é. Então, a minha saudade me mostra tudo de bom que eu vivo. É bom relembrar, rir várias vezes pelo mesmo motivo, contar de muitas formas a mesma história, ser feliz por inúmeros momentos com uma só causa de felicidade. Saudadear a vida inteira, os anos que passaram e os que estão por vir. Saudade do agora para fazer ser especial.
Saudade é a prova incontestável da felicidade.
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