Não basta me olhar antes de sair de casa, preciso me olhar na volta. O olhar da saída é superficial; o da volta é analítico. Na volta, não olho o que os outros vão ver mas o que eu quero ver.
O retorno de uma noite na rua faz com que o espelho mostre uma imagem mais honesta de mim: sem salto, com cabelo bagunçado, roupa amassada, maquiagem borrada. E o grande desafio é que a imagem da volta me agrade, que eu goste de mim ali, sem máscara.Na vida, eu já saí da festa, já não me vejo mais arrumada para os outros. Eu aprendi o caminho de volta para casa e contemplo por mais tempo o espelho quando chego do que quando saio. Faço meu retrato, analiso os detalhes, relembro momentos; preciso saber o que trouxe comigo desta noite.
Foi muito tempo até ter coragem de me olhar. Aprendi isso graças ao encanto que mantenho pela dramaticidade das lágrimas fazendo escorrer o rímel preto. Não tenho mais porque chorar. Ficou o hábito da observação e a cumplicidade que tenho com quem o espelho me mostra.
Trilha sonora 1:
Trilha sonora 2:
Um comentário:
"Tenho aqui comigo uma cara de louco...rouco grito com as paredes"... Meu hino!
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