quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Ontem...

Ainda me sinto meio Legião Urbana,
às vezes...


"Sempre precisei
De um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto
Nesses dias tão estranhos
Fica a poeira se escondendo pelos cantos
Esse é o nosso mundo
O que é demais nunca é o bastante
A primeira vez
Sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres
Nós não estamos
Vamos sair
Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão
Procurando emprego
Voltamos a viver
Como à dez anos atrás
E a cada hora que passa envelhecemos dez semanas
Vamos lá tudo bem
Eu só quero me divertir
Esquecer desta noite
Ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
Esperamos que um dia nossas vidas possam se encontrar
Quando me vi tendo de viver
Comigo apenas e com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo
Eu, homem feito
Tive medo e não consegui dormir
Vamos sair
Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão
Procurando emprego
Voltamos a viver
Como à dez anos atrás
E a cada hora que passa envelhecemos dez semanas
Vamos lá tudo bem
Eu só quero me divertir
Esquecer desta noite
Ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
E mesmo assim
Não tenho pena de ninguém."


Renato Russo

sábado, 2 de agosto de 2008

Do abandono ao reencontro

Começo esta análise com uma das chatas mensagens que as operadoras de celular mandam via sms para seus uuários(no caso, eu), de autoria desconhecida ou esquecida: "Se você criou uma relação com alguém, houve um encontro de idéias e afetos. Acha que perdeu algo pelo caminho? Recupere o essencial."

Há algum tempo que venho pensando nas relações e no essencial. E venho reforçar a mensagem de Saint-Exupéry, 'o essencial é invisível aos olhos'.

Certas vezes, temos a necessidade de abandonar (coisas, hábitos, pessoas, idéias, sentimentos...), um abandono que pode ser libertação, evolução ou pura falta de foco. Nem sempre conseguimos nos guiar da melhor forma e pelo melhor caminho. E como saberemos qual é? A única forma de descobrir é errar o suficiente para acertar. Mas as relações, claro! Acredito que é nosso maior meio de abandono, as relações que criamos com as pessoas. Os seres do nosso convívio são a maior fonte de aprendizado que temos, é só ter calma e sensibilidade para observar. Não quero que ninguém caia no erro de julgar aqui relações homem-mulher(ou o que cada um preferir!); m refiro a relações humanas, com mãe, tio, vizinho, colega, amigo, desconhecido, enfim, todas as pessoas que de alguma forma passam pelo nosso convívio deixando um pouco de si e(se não formos muito mesquinhos) levando um pouco de nós.
Por ocasião de uma mensagem não ouvida, uma vez tomei um rumo que poderia ter sido evitado. Mas pessoas maravilhosas surgiram para compensar algumas perdas. Alguns, inclusive para mostrar o qe estava acontecendo, mesmo que nem sempre eu quizesse ver... Mas foi uma fase triste, por poucas pessoas e por poucos acontecimentos. Porém, foi de uma tristeza tão forte, que eu quis com toda minha vontade abandonar. E abandonei! Junto deixei para traz as boas pessoas e os bons momentos, pois era preciso me desligar de tudo para me reencontrar. Confesso: quando estamos no processo de recuperação de algo/alguém que os fez mal(ou que deixamos que nos fizesse), não existe saudade. Saudade se tem do que ainda se quer. Quando se abandona, podemos sentir qualquer coisa, menos saudade. Repudiei durante algum tempo tudo que fazia e gostava de fazer. Às vezes, sentia falta, ao mesmo tempo que sentia nojo. Abandonei a minha vida para esquecer. Depois de não conseguir, de não desistir, de chorar, de desesperar, de acordar, de sobreviver, finalmente enxerguei o essencial. E agora que o abandono já se tinha dado por completo, chegava a hora do reencontro.


Do Reencontro...
Eu trataria como delicado. Para quem abandona e fica frágil, é sempre amedrontador o encontro com o desconhecido eu. Mas é necessário. Então tentei, e era tudo tão difícil. A cada passo-palavra-sentimento-suspiro, parecia que tudo ia acontecer ao mesmo tempo e sem controle. E algumas aconteceram, mas foi bom. E fui encontrando eu em mim, que não conhecia mais. Descobrindo aos poucos o que me fazia feliz, o que eu queria pra mim e, principalmente, o que não queria. Só depois de um bom tempo, tive coragem para começar a reencontrar os outros. E me deparei então com o tempo. Pois as criaturas abandonadas, tendem também a abandonar.
Eram amigos, sim, que muitas vezes apareciam na hora exata para dizer a coisa certa, mas precisaram ser deixados para traz com tudo que não era bom. Agora, na hora do reencontro com aqueles que são merecedores de saudade, faltaram palavras. Os olhos, que quando silenciados não mentem, permitiram-se contemplar com a presença dos queridos, dos que me são caros, dos que não mereciam ter participado da mesma história triste dos que não sabem sentir. Mas estes, de tão especiais, sabem recuperar e reencontrar.



O que é essencial? Reencontrar é recuperar o que foi bom.





*Citação de Saint-Exupéry, em 'O Pequeno Príncipe', porque algo de bom sempre fica.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Quando eu tiver...

Pois vejam só!

Ontem à noite, deitada na minha cama, olhando as estrelas do teto do meu quarto, fiz algo que muito fazia e, agora, pouco faço: pensei na vida! Não foram longas horas de pensamento como antes me era permitido(pela idade, pelas atividades cotidianas, pelos compromissos...), mas me fez lembrar o quão satisfatório é me encontrar comigo.
Bem, pensando na vida, lembrei de coisas que eu ia fazer quando... Estranho? Explico. Durante alguns anos, depois que aprendi a usar essa máquina de internet aqui, meu sonho era ter um computador. Antes de ganhar o que tenho, eu ia quase todos os dias em uma lan house próxima da minha casa. Lá, ficava um tempo no MSN, procurando com quem conversar; não passava, de modo algum, mais de três dias sem ver meu Orkut; os e-mails, confesso, não eram todos lidos, mas acessado sempre, no mínimo semanalmente. E pensava: "quando eu tiver computador e internet em casa, vou mudar minha foto no MSN todos os dias, vou estar sempre no Orkut, vou ler todos os meus e-mails, vou ter um blog e escrever nele todos os dias!" Pensava...
Nesse final de semana, entrei na internet para fazer um trabalho, e vi meu Orkut ainda com todos os recados de Feliz Aniversário, Lu! Como minha disposição não era suficiente para apagá-los ou respondê-los, resolvi só rever meu perfil, coisa que não fazia há meses(e nos tempos de lan house fazia toda semana). Então vi o link do meu blog como página inexistente. Aquilo me abalou! Primeiro porque achei que tinha perdido o texto que tinha aqui e em nenhum outro lugar, depois porque me deparei com o conflito de que eu queria tanto ter, queria tanto poder, e quando consegui, abandonei.
Sobre isso que pensava olhando as estrelas do meu quarto. Quantos sonhos, por menores que sejam, eu abandonei pelo caminho, sem nem perceber. Deixei de escrever, de ouvir música, de ouvir rádio de madrugada, de passear na Redenção aos domingos... Nem sei bem por quê! Não foi mudança, porque sinto falta. Mas a vida foi tomando outros rumos, que segui, mas sem ter bem certeza de que me faz feliz. Assim, fico cada vez mais distante do sonho, do instante, do verdadeiramente satisfatório. Fico cada vez mais distante de mim.
Sem falsas promessas de que "apartir de hoje vou escrever mais aqui", me despeço, na esperança de me encontrar novamente em breve.


"O futuro é difícil de encontrar, é que tudo tem seu tempo. Do real para o real, bem quero saber" Alemão Ronaldo(de quem eu também tenho saudades...)