terça-feira, 9 de julho de 2013

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Coisa estranha na vida é o coração e essa sua mania de ficar se agitando no peito, como se tivesse vontade própria. Ele e esta sua rebeldia, não respeita a lógica, a razão, insiste que sente e sabe das coisas. Tal qual criança teimosa que quer brincar onde não deve. Ela vai e brinca, se nada de ruim acontece, ela ri dos adultos. E brinca outras vezes; na soma geral das brincadeiras sai machucada da maioria, mas teima em pensar que vale a pena.

Talvez esse seja o problema do coração: ele não cresce. Ele é indefinido. É músculo com responsabilidade de órgão, é retratado por todos com forma diferente da que tem. Não tem como o coração não ser confuso: todos justificam, cientificamente, que as emoções estão no cérebro, mas é ele quem aperta, chora, quebra, acelera. Como ele vai acreditar que não é o responsável se é ele que dói para a tristeza e sorri para a felicidade.
Ele tem seus motivos para julgar-se no controle; ele faz as mãos suarem, as pernas tremerem, a respiração falhar, a boca gaguejar, o pensamento se perder. Ele faz todo o corpo mostrar o que ele quer como prova de que ele é incontrolável; de que ninguém manda nele por inteiro.
Nas vezes que ele dói, é certamente do desejo de toda a gente fazer com que ele seja reprimido, que pare de se apertar no peito e fique quieto deixando a vida acontecer. O problema de tudo isso é que coração proibido de chorar também não consegue sorrir, e um coração sorrindo ilumina tudo a sua volta. Ele pode fugir, resistir, sentir medo, mas nada é maior que sua vontade de sentir-se grande, pleno, vivo. E tudo começa outra vez.

Coisa estranha na vida é o coração e essa sua mania de ficar se agitando no peito, como se tivesse vontade própria.
Coisa triste na vida é não ter o privilégio de ver a felicidade transbordar o coração.