Talvez esse seja o problema do coração: ele não cresce. Ele é
indefinido. É músculo com responsabilidade de órgão, é retratado por
todos com forma diferente da que tem. Não tem como o coração não ser
confuso: todos justificam, cientificamente, que as emoções estão no
cérebro, mas é ele quem aperta, chora, quebra, acelera. Como ele vai
acreditar que não é o responsável se é ele que dói para a tristeza e
sorri para a felicidade.
Ele tem seus motivos para julgar-se no controle; ele faz as mãos
suarem, as pernas tremerem, a respiração falhar, a boca gaguejar, o
pensamento se perder. Ele faz todo o corpo mostrar o que ele quer como
prova de que ele é incontrolável; de que ninguém manda nele por inteiro.
Coisa estranha na vida é o coração e essa sua mania de ficar se agitando no peito, como se tivesse vontade própria.
Coisa triste na vida é não ter o privilégio de ver a felicidade transbordar o coração.