terça-feira, 30 de março de 2010

Visceral

Há dias em que me permito estar a flor da pele, puramente emocional.
Estes dias costumam -parecer- durar semanas.
E eles me fazem ter vontade de jogar alguns outros dias e momentos no lixo, como se fosse possível, amassá-los e dispensá-los, como papel inútil.
Nestes dias nada me acalma, porque não me quero calma.
Me preciso intensa, única, visceral.
Estes são dias de sol e vento.
Dias em que as músicas que ouço devem ser gritadas, sentidas, íntimas.
São raros dias, em que sou só sentir.
São dias fortes e, principalmente, verdadeiros.
Dias em que ninguém nota a diferença aparente,
Mas eu percebo tudo,
Eu descubro o mundo.
Sinto a vida tão presente que chega a ser angustiante a sensação de não vivê-la por completo.

Estes são os meus dias de falar através dos olhos para os poucos que me decifram
E de ouvir as entrelinhas daqueles que muito falam.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Outono

O vento
arranca suavemente as
folhas das árvores
levando-as para longe
numa quase dança

Eu-árvore:
queria que as folhas fossem saudade
e o vento
esperança.

domingo, 21 de março de 2010

16

Desde a tua ida
não tirei nada do lugar.
As fotos, as roupas o teu travesseiro:
todos os objetos compartilhando comigo
a ilusão de ver voltar.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Domingo

Pedindo licença aos amigos, vou ter que fazer uso desta nova música dos Acústicos & Valvulados para definir este dia. Não consigo pensar em palavras melhores, outra vez...


Goodbye, goodbye

"Tudo em paz, voltei ao início
Pra inventar
Meu novo caminho
A gente já foi tão longe, eu sei
Do céu ao inferno e mais além

Goodbye, goodbye,
Até nunca mais
Ficar por ficar, não faz mais sentido...


Vou sair, num dia perfeito
Vou sonhar, viver mais a vida
A gente já foi tão longe, eu sei
Do céu ao inferno e mais além

Goodbye, goodbye,
Até nunca mais
Ficar por ficar, não faz mais sentido...


A gente já foi feliz, eu sei...
A gente já foi mais forte, eu sei...
A gente quer sempre mais e mais,
Desculpe, eu não vou ficar...


Goodbye, goodbye,
Até nunca mais
Ficar por ficar, não serve...


Goodbye, goodbye,
Até nunca mais
Ficar por ficar, não faz mais sentido...
Não serve...
não faz mais sentido...
Não serve...

Tudo em paz, voltei ao início
Pra inventar
Meu novo caminho..."

sábado, 13 de março de 2010

Março II

Ainda te observo adormecido
Mas tentar adivinhar teus sonhos
já me parece tão chato.
Não me importo se te incomodo
O que era encantador
está cada vez mais abstrato.


É só mais um dia, eu sei
amanhã tudo vai estar
calmo outra vez
Não sei até onde isso me agrada.


Essa tranquilidade fria
me sufoca
enquanto mais um mês
passa como se não estivesse
acontecendo nada.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Março

Hoje eu quis esquecer de tirar a maquiagem.
Só lembrei de pegar uma cerveja
e ouvir um som diferente
Pra imaginar estar na rua ou em qualquer outro lugar.
Ver os carros passando e
ter mais de um amigo pra conversar.
Só pra sentir saudade do que não tenho mais
E desejar voltar.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Falando Sério

Eu estava aqui, passeando pelos blogs de amigos e pelo meu. Então, fui tomada por uma imensa vontade de postar algo novo. Aí veio a dúvida: o quê???
E comecei a pensar...

Este blog é para assuntos particulares, para o que eu quiser, não tenho certeza se tudo que eu escrevo aqui é lido por alguém, mas pode ser. E isso exige de mim uma grande dose de responsabilidade. Tenho que me acostumar a cuidar o que digo(escrevo), a lapidar as idéias e usar apropriadamente as palavras. Esse é meu dever como jornalista que serei(daqui a muitos semestres). Mas acho importante destacar isso: a responsabilidade. Ela deveria ser tratada como primordial quando se escolhe a profissão, por exemplo.
É óbvio que devemos ser responsáveis em todos os aspectos da nossa vida, mas acho que no campo profissional é mais fácil para se entender a importância disto. De nada adianta uma pessoa ter inclinações para a área da saúde se não se sentir responsável pelo bem estar de quem está ao seu redor em todos os momentos do dia, por exemplo. Se eu trabalho com informação, tenho de respeitar os limites, falar a verdade e ter o cuidado com o que vou transmitir a quem pode estar me acompanhando. Preciso ser resposável para não influenciar negativamente as pessoas. Assim deve acontecer em todas as áreas, e bem mais que 8 horas por dia.

Sei que isso tudo pode parecer um chato discurso de aula sobre ética, mas quero ir além do individual. Afinal, é por falta de responsabilidade de cada pessoa que temos danos coletivos. Fraudes, desvios de verbas públicas, descaso com problemas de urgência, etc. Falta ser responsável quem está no poder e quem deu o poder. Falta a cada um de nós a idéia de que devemos, o tempo inteiro, ser responsáveis por tudo que acontece a nossa volta. Essa falsa idéia de que o que não nos atinge diretamente não é problema nosso só deixa o mundo cada vez mais nesta situação de caos que vivemos. Se o que acontece ao seu lado não devesse importar pra você, não estaria acontecendo do seu lado.

Portanto, as crianças sem lar são nossa responsabilidade, assim como os idosos esquecidos pelas famílias, os moradores de rua, os animais abandonados, o meio ambiente, enfim, tudo que possa precisar de atenção e cuidado. Não espere, faça! Os rios podem ser menos poluídos se você não jogar lixo, não importa se ainda tem quem o faça. Se ninguém ajudou um cego a atravessar a rua, não espere, ajude! Tenha seus valores e aja conforme eles, maus exemplos nunca devem servir de desculpa para más atitudes de quem sabe que poderia fazer diferente. Ou ficaremos sempre criticando a negligência alheia, quando o que faltou foi responsabilidade para sermos humanos.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Eu

Estou aqui mas queria estar lá.
Num apartamento entre Bonfim e Cidade Baixa, com janela que me permitisse olhar para o movimento de uma rua bacana, entre o 3º e o 5º andar. Mais que isso é exagero para quem tem medo de altura. Gostaria também de uma vaga de garagem pra guardar meu carro, que seria pequeno pra eu conseguir estacionar e barato, pra usar só quando precisasse mesmo. Não teria muitos móveis, só muitos livros, alguns discos e uma certa quantidade de papel que me deixasse segura de que não faltaria lugar para as palavras que pudessem surgir. Se eu estivesse realmente lá, talvez também estivesse na frente de um computador agora, talvez querendo voltar a estar aqui, em casa, com pai, mãe, gatos...

Pode ser exatamente esta dúvida que me faz ficar aqui. E usar como pretexto coisas lógicas, do tipo: não tenho dinheiro, trabalho em Canoas, estudo em São Léo. E coisas que se assumem como desculpa esfarrapada, como: a Mimi não se adaptaria num apartamento, eu tenho pânico de baratas, não tenho tempo pra me virar sozinha.

Acredito que enquanto houver dúvidas e motivos pra impedir, é porque não deve acontecer. Quando quero realmente alguma coisa não costumo pensar muito. Mas numa noite dessas, em que a TV me oferece lixo e na internet só falam do lixo que a TV mostrou, tudo que eu queria era pelo menos olhar pra rua e ver alguma perspectiva de que o mundo é mais do que toda essa mesmice!

Talvez eu pare também de ouvir sempre as mesmas músicas e contar as mesmas histórias...



Mimi, minha filha. Ela está tão acostumada com a casa...