sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Fotografia

Tem uma foto que me dói. Ela não foi revelada; não foi impressa; nem publicada. Não foi levada ao conhecimento do público nem escondida na gaveta. Ela está oculta, está presa na frente da objetiva que nunca se abriu para fazê-la. Seria uma bela foto, mas ficou ali sem existir, escondida atrás de uma muralha de sentimentos confusos que ofuscaram a câmera.
Um momento que não se permitiu registro.

Não há provas, é apenas um relato que qualquer dia pode passar desapercebido na memória e virar mais um ato cotidiano esquecido. Com tantas imagens na volta, quem irá querer guardar uma que nem existiu? Pode ter sido apenas imaginação - nada mais.

Até tem sua lógica, mas mesmo sem chegar a ser ela de alguma forma ficou gravada. Ela existe na memória das testemunhas, precisa permanecer aí, ou simplesmente se desmanchará no tempo. Manterei a minha parte, porque não é a foto que me dói, mas cogitar a inexistência dela.






23/08/2013

sábado, 11 de janeiro de 2014

Escolhas

Gosto de joguinhos desses que se joga quando se tem tempo ou quando não se quer ocupar o tempo com outra coisa. E gosto de observar em tudo algum sentido paralelo para o que realmente faz sentido.

Hoje gostei de me ver largar o jeito metódico de fazer uma coisa inútil como se tivesse que dar certo. O que sobraria para a vida, então? Joguei por jogar, sem me preocupar com os resultados. Como me pareceu ter o dobro de chances, nunca durou tanto! Simplesmente me diverti por uns minutinhos de ócio.
Talvez isso falte, viver por viver, não sem sentido, mas de forma menos metódica. Interessar-se mais pelos quês e menos pelos porquês - estes só vêm no tempo certo.

Assim, deixar de lado a sina - quiçá transformá-la em rima;
esperar o tempo acontecer:
permito-me crescer.
Ser-sentir; aceitar é seguir.
Escolhi o frio porque tenho certeza que o sol existe.
Escolhi felicidade porque não sei ser triste.
E porque sei que não há noite que sobreviva ao dia, 
nem amor que não seja poesia.